O mercado de quadrinhos ressurge

Fonte: Minas Nerds (http://minasnerds.com.br)

     Para quem acompanha quadrinhos há pelo menos 10 anos sabe que houve muito pessimismo no mercado já que ano após ano as vendas caíram de forma sistemática, mesmo com o sucesso dos filmes de super-heróis que marcaram presença nos cinemas de forma constante nessa última década. Talvez ainda seja um pouco cedo para dizer que esse quadro vai mudar radicalmente, mas é um fato de que o último mês de Junho foi o melhor nas vendas de histórias em quadrinhos dos últimos vinte anos de acordo com o analista John Jackson Miller do The Comic Chronicles. Os números apresentados por Miller para os 3oo títulos principais das maiores editoras chegaram a 8.53 milhões de cópias, o melhor resultado desde Dezembro de 1997 quando 8.99 milhões de cópias foram encomendadas, o equivalente a 34.13 milhões de dólares,  que ainda é uma parcela pequena da bilheteria arrecadada pelos filmes.

     Esses números não indicam  o real número de cópias vendidas,  apenas as encomendadas pelos varejistas de acordo com suas previsões de demanda, mas sabemos que voltar ao patamar dos anos 1990 é uma tarefa complicada para os quadrinhos que hoje disputam a atenção do público com outras formas de entretenimento igualmente acessíveis, como o cinema, games e a internet.

     Inclusive, acessibilidade parece ser a palavra chave para essa retomada. De acordo com a revista Wired,  em 2013  a ComiXology, plataforma digital de quadrinhos, vendeu mais de 4 BILHÕES de páginas antes de ser comprada pela Amazon no ano seguinte, assim como o número de comic shops cresceu 4% nos Estados Unidos no mesmo ano.

     Também é evidente que a indústria vem tentando se conectar com um público mais diversificado e mais jovem. Aquele nicho outrora ignorado pelo mercado de quadrinhos passou a ser considerado como leitores em potencial e também devemos isso ao sucesso dos filmes, pois é através deles que muitas pessoas têm o primeiro contato com os personagens e buscam saber mais sobre os mesmos indo até a fonte original.

     Em entrevista para a CNBC, o colunista Augie De Blieck Jr. do site Comic Book Resources disse que existe toda uma audiência suplicante pelas histórias em quadrinhos e que nunca foi ouvida antes, como mulheres, crianças e minorias étnicas para quem só agora os holofotes passam a ser apontados, como podemos ver com o sucesso de personagens como Kamala Khan, Capitã Marvel e Pantera Negra na nova fase dos títulos da Marvel, além de obras como DC Superhero Girls e Teen Titans Go que miram as crianças em fase escolar.

     Embora as mudanças sejam muito bem-vindas, é o retorno às tradições que vem chamando atenção na DC Comics com Rebirth e a volta de alguns conceitos antigos, que haviam sido deixados de lado na fase dos Novos 52, o que agradou bastante aos fãs nessas 3 primeiras semanas de vendas do reboot.

     Seja qual for a fórmula, a indústria dos quadrinhos mainstream parece estar acertando o passo mostrando aos críticos dessa nova fase que inclusão e representatividade são boas também para o mercado editorial.

     Os quadrinhos mais vendidos do mês de Junho de 2016 foram os primeiros volumes de Marvel: Guerra Civil II com 381,737 de cópias e Batman Rebirth com 280,360 de cópias encomendadas. É bem frequente que os primeiros volumes de uma nova série vendam mais do que o restante, mas mesmo assim esses foram os maiores números de cópias encomendadas nos últimos 20 anos, mesmo entre os volumes de número 1 que foram abundantes nesse período.  Pelo menos por enquanto as editoras têm o que comemorar e nós, os fãs, também.

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